Os Bajau Laut, ou os incríveis ciganos do mar, são um povo nômade que vive em algumas ilhas remotas da Malásia, Indonésia e Filipinas.

Os ciganos do mar são caçadores, vivem do mar, e por isso possuem habilidades de mergulho extraordinárias, além de um modo de vida que há muito tempo me apaixona e intriga.

Durante um voluntariado na ilha de Borneo, tivemos o privilégio de ver alguns Bajau Laut de perto na região de Semporna, na Malásia.

Era meu sonho ver isso tudo de perto, então vem que eu te conto o que aprendi! 

Bajau Laut : um grupo étnico tribal

Os ciganos do mar fazem parte de um grupo étnico chamado Bajau Laut, de origem Malaia.

Os Bajau Laut vivem quase inteiramente no mar há séculos.

Eles são alguns dos últimos nômades verdadeiros do oceano, que habitam  um trecho que se estende entre Malásia, Filipinas e Indonésia, em uma região conhecida por Triângulo dos Corais – que detém a maior biodiversidade marinha do mundo

Os ciganos do mar costumam viver em palafitas sobre os recifes de corais ou até mesmo em barcos em vez de em terra firme.

Alguns dizem ficar “mareados” quando estão em terra, e por isso mesmo, preferem o mar.

As palafitas de alguns ciganos do mar que se estabeleceram na ilha de Mabul.

Visitas aos vilarejos dos ciganos do mar

Há alguns anos atrás era possível contratar um passeio e ir conhecer alguns vilarejos dos Bajau Laut que vivem na região de Semporna, mas isolados no oceano, no meio do nada.

Mas quanto estivemos por lá, esses passeios tinham sido proibidos pelo governo. Por se tratar de uma região perigosa (segundo eles) e de fronteiras. 

Não sabemos exatamente o que acontece por lá, a única informação que conseguimos foi de que não mais existem esses passeios. 

Então, nós apenas vimos alguns ciganos do mar que moram na Ilha de Mabul e arredores.

A ilha de Mabul em Semporna (Borneo) onde vivem alguns cidanos do mar.

 Os ciganos do mar e o mergulho livre

O povo Bajau Laut já foi objeto de pesquisa e estudos devido a sua excepcional capacidade de realizar mergulho livre e permanecer por longos períodos debaixo da água sem equipamento algum.

Eles usam apenas um óculos.

Eles são caçadores e saem em busca de peixes e animais nas profundezas do oceano, podendo mergulhar a até 40 metros de profundidade. Eles também conseguem prender a respiração por muitos minutos.

Para isso, desde cedo, eles aprendem a mergulhar com seus pais, a não temer os peixes grandes e também, como ir aos poucos, chegando até as maiores profundidades. 

E para que isso seja possível, desde tenra idade, eles tem seus tímpanos perfurados, pois é a única maneira de suportar a pressão lá embaixo.

Duas criaças pequenas em uma canoa.

??  DICA: Pesquisando sobre os ciganos do mar descobri um documentário maravilhoso no netflix, produzido por um fotógrafo maravilhoso chamado James Morgan.

Vale muito a pena assistir esse documentário – Jago: uma vida debaixo d’água –  bem como dar uma olhada nas fotos dos ciganos do mar no próprio site do James Morgan.

O documentário se passa na Indonésia, não é na mesma região onde estivemos (Semporna), mas é lindo de morrer também.

Além disso, a história é extraordinária e as imagens são surreais. Assistam! ?

As crianças brincam, se deslocam e vendem coisas para os turistas em suas canoas desde muito pequenas.

Os ciganos do mar e o turismo

Estivemos em contato com os Bajau Laut que ficam nos arredores da Ilha de Mabul, em Borneo, na Malásia.

E ali, eles estão tendo que aprender a lidar com a modernidade invadindo suas vidas.

Eles aprendem palavras para negociar e vender seus produtos em inglês e chinês, mas também aprendem rapidamente a fazer piadas e a usar palavras engraçadas.

Os ciganos do mar aprendem no contato com seus clientes, os turistas.

Um casal com duas crianças negociando com chineses.

Os ciaganos do mar adultos vendem os produtos que retiram do mar: crustáceos, moluscos e coisas que eu nunca tinha visto.

Tudo isso em seus minúsculos e charmosos barquinhos de madeira, feitos à mão. 

Já as crianças,  passam remando e cantando, com o barco cheio de coco. 

As crianças remando e cantando.

Algumas das cenas que presenciamos

Perto de um resort uma mãe e seu filho vendem coco e lagostas aos turistas.

Um menino rema, corta o coco, segura o barco, e sobe pela palafita de um resort para entregar um coco a um turista chinês – que pro meu gosto negociou demais aquele coco tão especial. 

Outro Bajaut Laut, tenta vender seus moluscos para turistas chineses no deck de um hotel.

           Mãe e filho ciganos do mar vendendo coco nos resorts. 

Menino vendendo coco em sua canoa.

Um cigano do mar negociando moluscos com turistas.

Os ciganos do mar na cidade – região de Semporna

 

Embora recentemente alguns Bajau Laut tenham começado a construir nas áreas costeiras, suas casas ainda são palafitas sobre o mar, ou mesmo os barcos.

Um menino dançando peladinha sobre o telhado do seu barco casa.

O mar ainda é sua principal fonte de vida e eles mantém seu estilo de vida cigano. 

Vimos muitas crianças remando barquinhos improvisados.

Um menino vendendo crustáceos para turistas dentro de baldes plásticos.

Você também vai ver muitos deles na cidade, vendendo seus produtos em pequenas bacias coloridas: lagostas vivas, carangueijos, peixes, ameijoas, mexilhões e uma variedade de coisas do mar esquisitas.

Crianças e seus barquinhos, brincando e cantando no mar.

Mas eles ainda preferem dormir no mar, do que em terra firme.

Então, no final do dia retornam para seus barcos casas, que ficam ao redor da ilha de Mabul.

Mabul é uma mistura de resorts e palafitas sobre o mar, como você pode ver nessa imagem.

O lado obscuro (atual) da vida dos ciganos do mar

Os ciganos do mar, talvez sem perceber, estão prejudicando o próprio habitat, a região de maior diversidade de corais do mundo, que os mantém por mais de 1000 anos.

E em certos locais o povo Bajau Laut luta para se sustentar, pescando demais em uma região já muito impactada pela sobrepesca.

Abaixo listei algumas das práticas mais destrutivas: 

❌ Pesca com dinamite

Um fator que tem contribuído para a destruição do ambiente é a pesca com dinamite.

Essa modalidade foi introduzida aos ciganos do mar pelos soldados, durante a Segunda Guerra Mundial.

E desde então, essa relação destrutiva com o seu habitat se intensificou, assim como os acidentes com explosivos.

Muitos perderam mãos e braços em incidentes com as dinamites, que eles mesmo aprenderam a fabricar.

❌  Pesca com cianeto de potássio

Alguns ciganos do mar ganham a vida vendendo o que pescam para grandes companhias de Hong Kong.

Além disso, recentemente os Bajau Laut começaram a pescar com Cianeto de Potássio. Essa substância química é fornecida pelas mesmas grandes companhias de Hong Kong. 

O cianeto atordoa os peixes, sem matá-los, facilitando a caça para os ciganos do mar e permitindo que ele sejam vendidos ainda vivos aos mercados asiáticos.

 ⚠️ Essa prática danifica severamente os recifes de coral. ⚠️

Os peixes vivos são transportados para Bali e de lá seguem para Hong Kong.

Quando chegam em Hong Kong os peixes são mantidos vivos através da injeção de esteróides. E são vendidos vivos principalmente para restaurantes asiáticos!

O cianeto é fornecido pelas empresas de pesca de Hong Kong, e o Bajau precisa pagar  a taxa em peixes, mas eles nunca conseguem pescar o suficiente para pagar e ficam “escravizados” nesse círculo vicioso horrendo e altamente destrutivo.

Atentos negociando.

O desaparecimento da cultura dos Bajau Laut

O resultado disso tudo: os ciganos do mar estão aos poucos perdendo sua cultura e destruindo severamente o lugar que chamam de lar.

Existem alguns programas governamentais, um tanto polêmicos, que forçam muitos Bajau Laut a viver em terra. E isso os coloca em desacordo com outros governos, já que os ciganos do mar são um povo apátrida, sem papéis, e que estão constantemente cruzando fronteiras internacionais com seus barcos.

Talvez, infelizmente, essa seja a última geração de ciganos do mar. Pois nos últimos anos, os jovens tem deixado os barcos em busca de trabalhos na cidade,

Há pouca esperança que a situação de vida desse povo melhore.

A boa notícia é que existem algumas instituições trabalhando para isso e ensinando práticas de sustentabilidade aos ciganos do mar nos últimos anos.

Uma cena típica por lá.

Capitalismo é destruição

Quando fico sabendo desse tipo de coisa odeio ainda mais o capitalismo que força as pessoas as destruirem sua própria casa em nome da sobrevivência.

O caminho é longo, é árduo e cheio de nuances, detalhes e complicações, mas cada vez mais precisamos investigar e pensar na origem do alimento que a gente consome.

Aliás, não apenas do alimento, precisamos estar atentos a tudo o que consumimos.

✅ E precisamos consumir menos.

E não só pela nossa própria saúde, mas também para a saúde do nosso planeta, porque sem ele, a gente não vai a lugar nenhum!

Tá mais do que na hora da gente acordar!!!

Precisamos perceber que está tudo interligado, que as lutas se cruzam, e que precisamos nos unir e lutar, lutar e lutar!!

Caso contrário, não tem futuro não minha gente…

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