Morar com os aborígenes e aprender com eles a construir casas de bambu foi a maior dádiva que tivemos nesses dois anos de trabalho voluntário pelo mundo.

Caímos de paraquedas e muito por acaso nesse projeto, e foi estupendo!

Tivemos dias lindos de muita troca, aprendizado e afeto. E ainda, construimos uma casa de bambu em apenas seis dias! 

Quer saber como construir com bambu e como vive uma tribo aborígene na Malásia?!  

Como fomos parar numa tribo de aborígenes

Descobrimos, através do Workaway, um lugar na Malásia que aceitava voluntários para aprender a trabalhar e construir com bambu

Esse lugar se chama Bamboo Jungle Adventure. Eles são uma empresa que fabrica móveis, bicicletas, capacetes, casas e o que mais a sua imaginação permitir. E tudo isso com bambu!

A Bamboo Jungle funciona mais como uma empresa social do que como um negócio.

Foto oficial dos voluntários e o Ahamad, nosso host, do meu lado.

Nosso host – Ahamad

Ahmad, nosso host e proprietário, é engenheiro e um apaixonado por bambu.

Seu objetivo com a Bamboo Jungle, além de chamar a atenção das pessoas para as infinitas possibilidades do bambu, é também ajudar a comunidade do vilarejo onde a empresa está instalada.

Ahmad faz isso empregando as pessoas, dando aulas de inglês e incentivando o comércio local. E para isso ele também conta com a ajuda extra dos voluntários.

Além disso, cada voluntário recebe um valor diário para alimentação e é encorajados a gastá-lo nas banquinhas do vilarejo ao invés de ir até o supermercado da cidade mais próxima. O que é muito legal!

O projeto com os aborígenes

A nossa sorte é que quando chegamos, Ahamad estava prestes a começar um projeto com os aborígenes.

Esse projeto consiste em observar e documentar as técnicas utilizadas pelos aborígenes, um pouco mais rudimentares do que as que Ahamad utiliza na sua empresa.

E ainda, ensinar a eles algumas técnicas mais modernas que vem sendo empregadas para construir com bambu.  

A fofura das crianças! 

Reunidos para a aula e inglês.

Com as coroas que ganhamos de presente da tribo.

Um porém

O único porém é que Ahmad é muçulmano. E assim sendo, eu teria que seguir as regras de vestimenta e comportamento, o que não me agradou nem um pouquinho. ?

Ademais, eu nunca soube lidar com regras e rigidez.

Por fim, achei que não custava nada tentar e que talvez pudesse ser uma bela experiência.

Localização da Tribo Asli

Até hoje não fazemos idéia de onde fica a tribo, pois estávamos sem mapa, sem sinal e sem internet.

A única coisa que sabemos é que fica na região do pequeno vilarejo chamado Sungai Siput.

Também dava para perceber que era isolada em meio a uma floresta linda. 

E ainda, que foi maravilhoso ficar 10 dias sem celular, na natureza e com um rio passando ao lado da nossa casinha.

O campo de futebol, as casinhas da tribo ao fundo, e a mata exuberante da Malásia. 

Um presente dos deuses

Outra parte magnífica desses dias foi Alejo, um voluntário argentino muito querido, que ainda por cima carregava adivinhem o que?

Mate!! Sim, a gente quase surtou de alegria! ?

Carregamos nosso kit chimas por um ano, mas quando decidimos vir para a Ásia, deixamos tudo com a Bubi, em Berlim. E claro que nos arrependemos. ?

Mas agora estávamos realizados, não faltava mais nada. Era a perfeição demais.

Alejo e Marina dividindo um mate!

Primeiras impressões

As primeiras impressões foram as melhores. Chegamos no ínicio da tarde divididos em dois carros lotados de comida, instrumentos musicais, equipamentos de construção e bicicletas de bambu.

Pois, segundo Ahmad, era preciso se divertir além de trabalhar.

O lugar era uma espécie de camping, com várias casas feitas de bambu na beira do rio. O dinheiro do aluguel das casas é fonte de renda para a tribo. E muitas pessoas passam o final de semana por lá. 

E nós tínhamos uma casinha só para nós, de frente pro rio. 

As casinhas do camping, junto ao vilarejo dos aborígenes, na beira do rio.

Estrutura e acomodações das casas de bambu

A estrutura era ótima.Tínhamos uma cozinha ao ar livre e de frente para o rio e uma casinha privada.

O camping contava com várias casas de bambu, rústicas,  construídas pelos próprios aborígenes. Cada casa tinha uma varandinha, dois colchões, travesseiros e mosquiteiros.

Os banheiros eram em estilo malaio, um buraco no chão. E o banho era gelado e de caneca, com a água do rio.

Céu azul da Ilha da Madeira.

Rotina e horário de trabalho na casa de bambu

Acordávamos as 7h com o som do rio, e íamos tomar o nosso café da manhã.

Os aborígenes começavam a trabalhar pelas 9h na construção da casa e então nos juntávamos a eles. Trabalhávamos todos juntos até a 13h. 

Depois do intervalo para o almoço, o trabalho era opcional. Mas a gente sempre ajudava porque era divertido, estávamos aprendendo muito e era muito legal estar entre eles, mesmo que nos comunicando através de olhares e gestos.

Além do trabalho na casa, todas as noites nos reuníamos no “palco” central para as aulas de Inglês.

O responsável era o Robby, um voluntário inglês muito figura. O mais legal era que ensinávamos inglês ao mesmo tempo que aprendíamos malaio e asli – o idioma da tribo. E era muito divertido. 

Galera fazendo as paredes da casa.

Logo no comecinho: apenas a fundação da casa.

Nosso quadros com palavras nos três idiomas.

Tarefas que realizamos por lá

 O nosso principal trabalho como voluntários era trabalhar junto com os aborígenes na construção da casa de Bambu.

No entanto, tivemos outras atividades também, pois o Ahmad queria que houvesse um integração entre os voluntários e toda a tribo.

Nossas atividades, além da construção foram:

  • Documentar a construção da casa de bambu através de fotos e vídeos;
  • Ensinar inglês para a tribo (e aprender malaio e asli♡);
  • Recolher plásticos e lixo espalhado pelo camping;
  • Jogar com os adultos e ensinar futebol para as crianças da tribo;
  • Cozinhar e distribuir comida.

Alejo sempre participativo.

Galera reunida para aprender inglês.

As crianças na escolhinha de futebol do Alejo.

Serrando bambu.

A construção da casa de bambu

A contrução da casa foi a nossa principal tarefa e foi também a mais incrível.

Trabalhamos durante 6 dias e fizemos uma casa inteiracom materiais oriundos da floresta?

A estrutura era de madeira, o chão e as paredes eram de bambu e o telhado foi feito com folhas de palmeiras gigantescas trançadas. 

Os homens eram responsáveis pelo trabalho pesado: coletar os materiais na floresta e construir a casa.

A estrutura de madeira.

Começando a colocar o telhado.

Amarrando bem forte.

Colocando as paredes.

As mulheres trançam as folhas de palmeiras para o telhado.

E é claro que eu me juntei a elas e aprendi a trançar as folhas. Elas me ensinaram sem saber uma palavra de inglês. E se entender por gestos e olhares foi uma delícia.

Posso dizer que me emocionei muito com essas mulheres e seus sorrisos

Trançando as folhas para o telhado.

As mulheres trabalham conversando e sorrindo.

Tive uma professora paciente e maravilhosa.

Muito orgulhosa do meu trabalho para o futuro telhado.

Nós participamos de todos os processos, e hoje, já podemos construir a nossa própria casinha rústica de bambu! ??

A caasa quase pronta.

Aulas de Inglês

As aulas de inglês aconteciam todas as noites as 21h. Preparávamos o local com cadeiras, microfones, caixa de som e um quadro branco. Era um evento!

As aulas eram simples: cada noite ensinávamos 5 palavras ou frases para que eles pudessem memorizar.  Ao mesmo tempo, eles completavam o quadro com o significado dessas frases em malaio e em asli. Dessa forma, todos aprendíamos.

A aula durava em torno de 40 minutos e toda a tribo participava. As crianças adoravam! Ao final todos tiravam fotos do quadro com seus telefones para estudar em casa.

Esperando todos chegarem para a aula de inglês.

Aulas de Futebol

A vila da tribo Asli era demais. Apesar de estar bem isolada, no meio da natureza, ela possui uma estrutura muito boa, com campo de futebol inclusive! 

Então, uma das tarefas foi dar uma aula de futebol para as crianças. 

Alejo passando a parte teórica.

Criançada prestando atenção no professor.

Tivemos a sorte que o Alejo – o do mate – era formado em educação física e trabalhava com crianças antes de viajar. Então ele assumiu essa tarefa e foi lindo de ver!

Alejo comandando o aquecimento.

Começa o jogo!

Também disputamos partidas de futebol, nós, os voluntários, contra a tribo e depois todos misturados. Foi uma festa!

Nosso time de voluntários. 

Todos misturados antes do jogo.

Ramadan

Estivemos nesse lugar durante o mês do Ramadan, que é quando os muçulmanos fazer o jejum de 30 dias.

Durante esse período eles só comem antes do sol nascer e depois que o sol se põe. Mas também é um período de caridade, onde se distribui muita comida para os menos afortunados.

Então, nunca comemos tanto em toda a nossa vida, pois há feiras por toda a parte, onde eles compram comida para quebrar o jejum no final da tarde, todos juntos em suas casas.

Durante esse mês eles cozinham um prato especial chamado Porridge, que não é lá muito saboroso, na verdade, é bem ruim, mas eles adoram. E então eles distribuem Porridge durante todo o mês do Ramadam.

Mas sobretudo foi uma experiência e tanto vivenciar o Ramadam entre muçulmanos em um país muçulmano! ?

Panelaço de comida.

Marina distribuindo comida.

O Chief, recebendo seu Porridge.

A principal rua da vila dos aborígenes.

Ahamad como bom muçulmano, realizou essa ação para a Tribo. Nós ajudamos a cozinhar e a distribuir o tal do Porridge.

Abaixo uma foto da equipe Porridge completa. 

A equipe Porridge completa após o trabalho. 

Alimentação 

Ganhamos dinheiro para a comida e fizemos um rancho, afinal íamos ficar isolados por 7 dias. Compramos toneladas de frutas, vegetais e arroz e sobrevivemos na selva. 

Cozinhávamos o almoço todos juntos e durante a noite cada um era responsável por fazer uma comida típica do seu país. Os demais, ajudavam a cortar legumes e a preparar os ingredientes.

É claro que nós fizemos feijoada e é óbvio que todos adoraram!

A comida era vegana, mas o Robi tinha seus ovos próprios e comia apenas 6 por dia!  ? 

Aprendizados

Aprendemos muito nesse lugar. E descobrimos que tudo é possível se tratando de bambu. É um material muito eclético e super resistente. E foi maravilhoso aprender como construir com bambu e como é simples fazer isso.

Para construir com bambu, basicamente se usam: pregos, cordas, martelo e serra. E só! 

Nesse período aprendemos muito sobre a Malásia, sobre o Islamismo e sobre o Ramadam.

Não gostei nem um pouco de andar tapada, mas percebi o quanto era desrespeitoso pra eles que eu me mostrasse, então me tapei direitinho, mas não fiquei feliz e não sei como essas mulheres conseguem viver e se submeter a regras tão estúpidas e absurdas.

Se antes eu achava que o islamismo tinha algo de belo, depois dessa experiência, já não acho mais. 

Aprendemos algumas palavras em malaio e outras em asli, a língua dos aborígenes. Aprendemos a nos desconectar pois não tínhamos internet. E foi uma das melhores semanas dos últimos tempos!

Nosso bangalô ficava na beira do rio, de correnteza forte. Quase não dormimos na primeira noite de tão alto que era o som que vinha do rio. Depois dessa noite, virou música para nossos ouvidos. Acordávamos com o som dos pássaros e uma paisagem deslumbrante na janela, rodeados de verde e água. Até o clima era mais fresco.

As noites eram preenchidas com jantares e com as aulas de inglês e asli. E depois das aulas, a tribo se reunia para tocar seus instrumentos de bambu para a gente. Era lindo!

Li dois livros, cozinhei muito, tomamos banho de rio, tomamos mate com o Alejo, conversamos horrores e interagimos com os aborígenes. Foi uma semana mágica e inesquecível. 

As simpatia das mulheres da Tribo.

Noites de concerto com instrumentos de bambu.

O pessoal da tribo e seus instrumentos de bambu.

Roby e eu com nossas coroas feitas de flores frescas coisa mais linda! 

Filosofando e mateando no rio, um dos nossos programas favoritos. 

Sobre o Islamismo

Depois de passar três meses vivendo em um país muçulmano, e mais ainda depois de ter que me sujeitar as regras para as mulheres, comecei a me interessar mais pelo assunto e procurei saber mais.

Encontrei os livros de uma  mulher incrível chamada Ayaan Hirsi Ali,  e me encantei por sua história e seu modo de escrever e lutar por aquilo que acredita. 

Ayaan Hirsi Ali  é uma escritora, ativista e feminista somali-holandesa-americana, conhecida por seus pontos de vista críticos com relação ao Islã.

Ela defende os direitos e a auto-determinação das mulheres muçulmanas e se opõe ativamente aos casamentos forçados, crimes de “honra”, casamentos infantis, e mutilação genital feminina. 

 Recomendo muito para quem se interessar pelo assunto. Os livros são maravilhosos e necessários. E esse assunto precisa ser discutido.

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Felizes explorando a região com nossas bikes de bambu.

E assim terminamos mais um longo artigo sobre essas nossas histórias de vida, que nos enchem o coração de amor, alegrias, ensinamentos e boas energias para seguir!

 Esperamos que você goste! 

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