Isso de não ter mais casa fixa foi acontecendo naturalmente e foi um processo, não decidimos da noite para o dia. Para ser sincera, não sabíamos ainda que era possível viver viajando e estávamos bem por fora do mundo dos nômades digitais e das inúmeras possibilidades de se trabalhar pela internet.
Os motivos
Eu, Marina, sempre quis ver o mundo mais de perto. Meu trabalho como bióloga geralmente me proporcionava muitos momentos onde eu podia realizar o que mais me apaixona: me aventurar, estar em meio à natureza, conhecer novos lugares, novos sabores, interagir com pessoas e culturas diferentes, e principalmente não ter uma rotina. E até aí estava tudo ótimo. Entretanto, foi quando comecei a trabalhar em uma empresa que tudo desabou.
A sensação agora era: eu sentada em uma sala em frente ao computador, e os dias passando por mim. Eu não conseguia aceitar isso de ter que trabalhar o dia inteiro e só ter as noites e finais de semana livres, ou então, trabalhar o ano todo esperando pelos 30 dias de férias, isso não fazia o menor sentido pra mim. Não era daquele jeito que queria levar a minha vida.
Ou seja, eu precisava desesperadamente sentir o que sentia antes com o meu trabalho (e depois somente nas férias) em todos os dias da minha vida. Precisava me sentir viva, e não ver a vida simplesmente passando por mim.
Eu queria tudo isso junto e misturado. Quero esquecer que estou trabalhando, porque estou me divertindo ao mesmo tempo. Quero trabalhar o suficiente para poder curtir o resto do dia, ou mesmo trabalhar à noite se eu estiver afim, mas acima de tudo, preciso ter a liberdade de poder escolher.
E fui, aos poucos, mostrando isso para o Gabriel.
A decisão
Hoje faz 1 ano e meio que partimos. O processo de decisão foi um pouco demorado, mas uma vez que decidimos, foi tudo muito rápido.
Em primeiro lugar me faltava o dinheiro. E em segundo, precisava convencer o Gabriel. Eu não tinha o suficiente para ficar um tempo em segurança caso algo desse errado. E também não queria ir sem o marido, que, naquela altura, ainda nem era marido.
O primeiro problema desapareceu quando fui aprovada em um concurso temporário que me daria a quantia mínima necessária para dar o salto.
O processo de convencer o Gabriel continuava a todo vapor.
A verdade é que nem precisei me esforçar muito. A nossa decisão foi tomada durante um final de semana na praia, quando fomos furtados pela segunda vez em menos de seis meses. Arrombaram nosso carro, estacionado na beira da praia de Xangri-lá.
E levaram absolutamente tudo que havia no carro. Inclusive a comida dos chihuahuas que estavam com a gente.
Voltamos para Porto Alegre muito desanimados. Além do prejuízo, a sensação de impotência e insegurança que sentíamos ali, na nossa própria casa, nos fez tomar a decisão e marcar uma data.
A organização
Decididamente não somos pessoas organizadas, das que fazem planos, tabelas. Também não tínhamos muitas ‘coisas’ para organizar.
- eu vendi tudo o que tinha: minhas duas bikes e algumas roupas;
- o Gabriel se desfez da produtora e vendeu alguns equipamentos;
- alugamos nosso apê, socamos algumas roupas em duas malas gigantes e partimos.
Os planos
A verdade é que eu nunca gostei de planejar nada na vida. E pelo visto o Gabriel também não.
Quando saímos do Brasil nosso único plano era fazer o Caminho de Santiago de Compostela e depois disso morar em Barcelona.
Nos fascinava a idéia de fazer o caminho naquele momento, pois seria, simbolicamente, uma bela forma de recomeçar. Além do mais, teríamos bastante tempo e 900 quilômetros para pensar e planejar alguma coisa!
Com certeza, de todas as decisões que tomamos, essa foi a mais acertada, o Caminho de Santiago foi uma experiência única e transformadora, e certamente, um dos responsáveis por estarmos nessa vida nômade.
A partida
No dia 11 de maio de 2017 um dia antes do aniversário da minha mãe, partimos com algumas coisas na mala, algum dinheiro, muitas incertezas, muito medos, algumas dúvidas e uma bela dose de coragem.
O Caminho de Santiago
Fizemos os 900 quilômetros do Caminho de Santiago em 45 dias. E foi a experiência mais espetacular das nossas vidas, por isso faremos um artigo só pra ele. Tudo o que vocês precisam saber vai estar nesse artigo. São tantas coisas pra falar, que não caberia aqui.
Vivendo na europa
Logo no início mudamos os planos e ao invés de ir morar em Barcelona depois do Caminho de Santiago, fomos morar no Porto, em Portugal. Os motivos foram vários: porque era mais barato, porque estávamos em Vigo na Espanha e era super perto, e o mais importante deles, porque eu tinha uma amiga muito querida morando lá.
A vida no Porto
Moramos no Porto por quatro meses. E ficamos completamente apaixonados pela cidade.
Toda fofa, colorida, pequenina, as pessoas muito receptivas, a comida é maravilhosa, doces, vinhos, cafezinhos, enfim, morremos de amores. Já tínhamos umas três padarias para chamar de nossas.
Tudo ia muito bem. Morávamos no centro, compramos duas bicicletas, tinha um cinema do lado de casa, tudo parecia perfeito. Era verão, céu azul, praia pertinho! Mas algo começou a incomodar.
Resumindo a história, os papéis do Gabriel demoravam para chegar e ele continuava “ilegal”, ou não tão legal quanto eu, que por ter cidadania italiana, obtive toda a papelada no mesmo dia.
Começaram a exigir os papéis do Gabriel para ele poder continuar trabalhando. Caso contrário, não haveria mais contrato. E sem contrato não havia mais dinheiro e o aluguel que estávamos pagando não era dos mais baratos.
Fizemos o contrato do apartamento por apenas quatro meses, e foi nessa altura que a crise pegou. Então além disso, ainda tínhamos que tomar a decisão de renovar, buscar algo mais barato, ou partir pra outro lugar.
A crise
O Gabriel estava quieto e depressivo. Já nem saia de casa, e eu ficava cada vez mais irritada com toda a situação. Quanto mais o tempo passava mais a gente se atolava e mais eu me irritava.
Eu também já não estava muito feliz e satisfeita com a minha rotina e meu trabalho no hostel.
E, principalmente, a grana que estávamos ganhando mal dava pra pagar o aluguel, e o sonho de conhecer o mundo ficava cada vez mais distante.
Percebemos não só o quanto estávamos infelizes, mas também que não iríamos durar mais muito tempo dessa maneira.
Talvez o Caminho de Santiago tenho sido a maior influência para a decisão que estávamos prestes a tomar. A liberdade que sentimos caminhando não nos permitia mais ficar parados em um só lugar.
A Partida parte II
Em meio à crise, um tanto desesperada, lembrei que sempre tive vontade de fazer work exchange, e fui pesquisar. Justo no primeiro dia me deparo com uns vídeos incríveis de um casal, que saiu pelo mundo fazendo workaway e wwoof, chamado Jornada viva.
Ao assistir ao primeiro vídeo já tive uma coisa! No segundo me arrepiei dos pés a cabeça e descobri que era exatamente aquilo o que eu precisava fazer.
O passo seguinte seria, novamente convencer o Gabriel a embarcar em mais uma das minhas loucuras. Entretanto, para a minha surpresa ele topou na hora!
Hoje (depois de tudo isso e muito mais – que ainda contaremos por aqui!), a única certeza que temos é a de que queremos continuar viajando.
Não conseguimos mais nos ver na vida de antes: mesmo apartamento, mesma cidade, rotina.
Estamos um tanto obcecados com a liberdade e as surpresas que viver viajando nos proporciona.
Como foi o nosso processo , em resumo :
- eu queria muito;
- ficou insuportável permanecer do mesmo jeito;
- conversei muito com Gabriel;
- analisamos a situação, os valores, fizemos as contas e traçamos algum plano;
- tomamos a decisão;
- marcamos as datas;
- depois disso ainda trabalhamos mais 5 meses para juntar grana;
- partimos;
- estamos felizes e escrevendo esse blog que é reflexo de tudo isso!
- senta e respira;
- não fique esperando a hora perfeita para fazer o que precisa, pois ela nunca vai chegar;
- é melhor você fazer na hora errada mesmo, porque a certa na verdade não existe;
- não espere estar pronto ou mais maduro para fazer o que tem vontade;
- não fique esperando ter mais dinheiro, não se iluda, você nunca vai achar que tem o suficiente;
- é preciso menos dinheiro do que você imagina;
- faça as contas e veja o quanto você gasta sem necessidade na sua vida atual;
- fique tranquilo, escreveremos mais sobre isso!
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