Essa foi a nossa primeira e inesquecível experiência de work exchange pelo Wwoof. Foi a mais peculiar também.  Aqui vamos falar sobre nossas primeiras impressões, nossos aprendizados, sentimentos e emoções durante o tempo em que estivemos “off” por lá.

Também vamos contar um pouco sobre como foi a nossa rotina nessa Quinta auto sustentável e sem energia elétrica. Ou seja: sem internet, sem computador, sem banho quente, sem filminho antes de dormir, e mais uma porção de coisas que a gente tá acostumado a ter e fazer diariamente,  e com as quais acha que não consegue mais viver sem!

Constatamos não só que é possível, mas que também é muito saudável ‘desligar’ as vezes. Vem com a gente nessa aventura pelo Algarve, no sul de Portugal.

Quinta do Atalaia
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O percurso

Partimos de Lisboa, de ônibus, e quatro horas depois chegamos em Aljezur. Desembarcamos no  local combinado com a nossa anfitriã,  a única parada da pequena vila. Foram 250 km, rodados, quase quatro horas de viagem e a passagem custou 8 € por pessoa.

Usamos a Rede Expressos para compra e pesquisa de preços das passagens de ônibus em Portugal. Os autocarros, como são chamados por lá, são super confortáveis e geralmente tem wi-fi.

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A anfitriã

O ônibus atrasou e a nossa anfitriã já estava apreensiva mandando mensagens de texto durante a viagem. Desembarcamos e lá estava ela nos esperando. Uma pequena e doce senhora, de cabelos brancos e curtos, usando uma charmosa boininha vermelha. ?

Me apaixonei por ela no primeiro segundo.

Entramos no carro transformado em uma espécie de motorhome. Abrimos espaço para nossas mochilas e embarcamos. Veronika é seu nome. Ela dirige por cerca de 15 minutos e estamos no nosso primeiro pequeno paraíso, chamado Quinta do Atalaia.

Localização

A Quinta do Atalaia fica a 8 km de Aljezur, um vilarejo com cerca de 5 mil habitantes. Casinhas brancas com portas e janelas coloridas, ruelas estreitas e um castelo no topo do morro era tudo que este pequeno vilarejo tinha a nos oferecer. Ledo engano.

Aljezur fica no Algarve, uma região deslumbrante, com paisagens de tirar o fôlego e belezas naturais incríveis. E as praias mais lindas de Portugal. Além disso, está repleta de coisas pra ver, fazer e descobrir.

Aljezur, além de fazer parte do Algarve,  está inserida na estonteante Costa Vicentina, que, por sua vez, faz parte do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. Uma área protegida que abrange toda a faixa litorânea do sul de Portugal. A cerca de 15 Km ao norte de Aljezur fica Odeceixe, uma vila com 900 habitantes, que também merece uma visita.

Ao sul de Aljezur, a cerca de 35 Km fica a cidade de Lagos, bastante disputada no verão. Lagos é um lugar estratégico para se hospedar e conhecer as praias paradisíacas da região. Lagos é toda fofa, com casas branquinhas, uma muralha e um centrinho histórico encantador. É um de nosso lugares favoritos em Portugal. 

Ruelas das vilas de Portugal.
Um carro e um varal. Lindo.
Aljezur vista do seu castelo.
Caminho para o castelo de Aljezur.
Casa fofa típica de Aljezur.
Um cidadão local numa manhã qualquer.

Primeiras impressões

À primeira vista, confesso que chegar na Quinta do Atalaia foi um pouco assustador. Escolhemos ficar no trailer ao invés do  pequeno bangalô de madeira, pois achamos que seria mais quentinho. 

Estava frio, era novembro, ou seja, inverno em Portugal. Tínhamos poucas roupas quentes e um saco de dormir apropriado para o verão. ? Quase congelamos na primeira noite. Usamos todas as roupas que tínhamos e praticamente não conseguimos dormir. É claro que aquela foi a noite mais fria de toda nossa estadia na Quinta do Atalaia! O tal do Murphy… ?

Na manhã seguinte Veronika nos perguntou como tinha sido a noite. Não conseguimos esconder o horror que foi, ela percebe, sorri e nos oferece um edredom enorme e pesado.

As noites seguintes foram maravilhosas, quentinhas e com um céu cheio de estrelas que até hoje guardamos como uma das mais belas lembranças desses dias.

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Sentado em frente a nossa casa na Quinta do Atalaia.

Estrutura

A fazenda é auto sustentável, ou seja, não dependia de água ou luz vindas do poder público. Havia uma pequena placa solar, usada exclusivamente para a geladeira da casa da Veronika,  e a água era encanada diretamente da nascente, que ficava na propriedade. Dormíamos no trailer e tínhamos a cabana de madeira para fazer as refeições e utilizar a cozinha.

Na cabana tinha um aquecedor a gás. O banheiro era externo, tipo banheiro seco, ecológico. As luminárias eram solares. Tínhamos duas. Sim, tinha chuveiro! E esse também era externo e muito parecido com o que minha mãe usava quando era criança: um balde amarrado em uma árvore. Tinha uma corda, utilizada para baixar (para encher de água) e voltar a subir. Para abrir bastava girar uma torneirinha e deixar a água correr. ?

Tomar banho admirando o visual incrível da quinta era realmente muito maravilhoso e eu ansiava por esse momento. Mesmo sendo frio.

Casa fofa da nossa anfitriã Veronika.

Banho econômico de balde.
Nossa cabana linda de madeira.
Vocês podem não acreditar, mas eu amo banheiro seco. O Gabriel também aprovou. E para a minha própria surpresa, adorei esse chuveiro gelado no inverno também!

Rotina

Antes de falar sobre a rotina de trabalho preciso falar sobre a Veronika. Ela se preocupava tanto com a gente e com as temperaturas que nos dava as tarefas de acordo com os horários e locais na fazenda onde o sol batia, para nos aquecer nas horas mais frias. Uma fofura ela né?! ❤️

Combinamos de nos encontrar às 8h todas as manhãs para juntos definir as tarefas do dia.

Nosso horário de trabalho era:

  • 8h30min às 11h30min
  • 12h almoço;
  • 15h as 16h30min

Esse horário funcionava muito bem para a gente nessa fazenda, pois como ela ficava relativamente longe da cidade (para ir a pé) preenchia o nosso dia. Durante o intervalo da tarde tomávamos banho, para aproveitar o horário mais quente do dia e o solzinho também. Também gostávamos de ler ou tomar sol pelados.

No final da tarde saímos para caminhar pela região, coletar amêndoas  ou fazíamos um chimarrão para ficar admirando o pôr do sol da nossa varanda.

Árovere de amêndoa!
Tomando banho de sol pelada.
Pausa no trabalho para um chimarrão.
Nas nossas folgas aos finais de semana saímos para desbravar Aljezur. Veronika nos dava carona para ir e às vezes nos buscava no domingo ou na segunda pela manhã.

Ficamos hospedados no Amazigh Design Hostel e nos sentimos em casa.

Na vila de Aljezur gostávamos de nos perder pelas charmosas ruelas, tomar um café, usar a internet, visitar o castelo, conversar com as pessoas e saber mais sobre a vila.

Também conhecemos todas as praias da região, que são lindíssimas e não sabemos dizer qual é a nossa preferida. Alugar bicicletas ou mesmo caminhar é um ótimo programa também, já que a região é repleta trilhas, e é famosa pela Rota Vicentina, uma rede de percursos pedestres com mais de 450 km de caminhos sinalizados.

Você encontrará muitos mochileiros e aventureiros caminhando por lá.

Algumas das nossas praias preferidas: Monte Clérigo, Amoreira e Arrifana, todas muito próximas uma da outra.

Conhecendo a praia de Amoreira.
Caminhando na praia num dia de folga.
Visitando o castelo de Aljezur.
Uma praia na Costa Vicentina.
Por do sol na Quinta do Atalaia.
Praia de Monte Clérigo.

Trabalho

O trabalho era bem variado, e como disse anteriormente, a Veronika era extremamente cuidadosa com a questão do frio. Pela manhã, para nos esquentar as atividades eram:

  • cortar lenha para a lareira;
  • capinar onde houvesse sol;
  • cortar eucaliptos para fazer lenha;
  • algumas vezes eu, Marina, ajudava a fazer o almoço.
Durante a tarde, quando já estava mais quente, as tarefas eram mais diversificadas:
  • cuidar do jardim;
  • plantar hortaliças;
  • tirar ervas daninhas dos canteiros;
  • regar as plantas e a horta;
  • limpar algumas partes da terra com enxada;
  • limpar uma espécie de reservatório de água;
  • fazer canaletas para melhorar o escoamento de água através do terreno.
Marina abrindo um canaleta para escoamento de água.
Fazendo lenha para o inverno.
Cuidando da horta orgânica.
Limpando um reservatório de água.
Trabalho finalizado!

Adoramos essa rotina de trabalho, sempre havia algo diferente pra executar, e a Veronika tinha todo o cuidado para não nos deixar fazendo a mesma coisa durante muito tempo. Não é a coisa mais querida desse mundo?! ?

Alimentação

Durante o almoço sentávamos juntos, sob o sol delicioso de inverno, na varanda da casa da Veronika. A comida era vegetariana e sempre orgânica. Muito simples, mas deliciosa. Fecho os olhos e lembro com muita saudade dessas refeições.

Chá da tarde com um sol delícia.
Uma coisa curiosa nessa fazenda era o nosso jantar: no final do dia ganhamos um cestinho com os ítens do jantar e do café da manhã do dia seguinte. E o interessante é que esse cesto foi exatamente igual durante todos os dias, e continha o seguinte:
  • meio pão caseiro;
  • um avocado;
  • uma maçã ou uma pera;
  • duas bergamotas;
  • um pedaço de queijo de cabra;
  • uma geléia feita pela veronika sem açúcar.
Nossos itens para a janta!
Na cabana tínhamos café e granola a vontade. Não tomamos leite e não quis pedir um leite vegetal. Mas eu tinha pasta de amendoim! Rá!
Todos os dias esperávamos para ver se viria algum item diferente na cesta, mas ela sempre foi igualzinha! No último dia pensamos: hoje vai ter algo especial, afinal é nossa despedida. E nada, a cesta continha exatamente os mesmos ítens!!

Dito isso, preciso dizer que adorava aquela comida. E não foi nada difícil passar quatro semanas comendo a mesma coisas todas as noites e manhãs.

Quando eu estou em casa não gosto de repetir comidas, mas ali o pão era tão  saboroso, o abacate tão cremoso, e a fome tão grande, que tudo ficava com um gosto muito especial. Entretanto, uma das coisas mais incríveis nessa quinta era o lixo, ou a falta dele. Passamos quatro semanas na Quinta do Atalaia, e o lixo gerado foi perto de zero. Tudo era reaproveitado e nada era embalado.

Cozinha linda na na nossa cabana de madeira.

Aprendizados

Foram tantos os aprendizados nessa quatro semanas, que fica difícil enumerar brevemente. Alguns foram muito práticos, outros mais internos.

Como não havia energia elétrica, tivemos que reaprender a viver sem tecnologias, ou seja, sem computador, sem celular e principalmente sem Internet!  E pra ser sinceros, foi bem fácil se desconectar. E foi ótimo!

Quando se está no meio da natureza, aprende-se a valorizar o silêncio e o tempo. Tínhamos muito tempo para ler, caminhar e dormir! Acho que nunca dormimos tanto em toda nossa vida, eram 10h diárias de sono, um verdadeiro prazer poder dormir tanto sem culpa! 

O sistema do banho em um balde, desperta nossa consciência sobre o desperdício de água, e por mais que sejamos econômicos no nosso dia a dia, percebemos que é possível economizar ainda mais. E que no fim das contas, sobrava água naquele balde sempre!

Nos primeiros dias enchíamos o balde até o talo, achando que seria pouca água  (o que, inclusive, dificultava na hora de levantá-lo, por conta do peso). Logo descobrimos que meio balde era mais do que suficiente.

Aprendemos muito sobre manejos diários de uma pequena horta orgânica, conhecemos novos legumes, e aprendemos a respeitar ainda mais os alimentos, pois percebemos a longa jornada deles até o nosso prato.

Usamos banheiro seco, ao ar livre, uma maravilha. Comemos a melhor batata doce do mundo, colhida por nós. Colhemos amêndoa direto da árvore! E vimos, todos os dias, o sol se pondo na nossa varanda!

Mas acima de tudo, ganhamos uma amiga pro resto da nossa vida. Veronika mora no nosso coração e está conosco nas nossas mais doces lembranças. 

A sensação ao final do dia era puro deleite. Felicidade por ter cumprido mais um dia de tarefas, por mais um dia de aprendizados e boas conversas com a Veronika, e pela liberdade de poder fazer o que nos desse na telha, naquele lugar maravilhoso.
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