Tivemos a péssima idéia de voluntariar em Paraty durante o verão e na época das festas de final de ano. Não aconselho!

Ainda assim, foi legal poder passar um mês nessa cidade incrível.

Nesse artigo vamos falar sobre nossa experiência como voluntários em uma Casa Ecológica, que na verdade é uma espécie de hospedagem para turistas.

Essa foi nossa segunda experiência voluntariando no Brasil e vamos te contar tudinhoo!! 

Bora?!

mulher de bicicleta na frente de um portão

Pra começar: 

Temos para com esse blog (e para com a gente mesmo) o compromisso de informar e falar exatamente o que nos acontece, com sinceridade e transparência.

Se uma experiência de voluntariado não foi das melhores, jamais indicarei ela por aqui.

Nosso dever

Por outro lado, quando isso acontece, também me sinto no dever de compartilhar uma má experiência para alertar sobre o que pode ou não acontecer em um “workexchange”.

Uma coisa que eu sempre tento deixar muito claro é que, como o nome já diz : workexchange – envolve troca! E não apenas trabalho.

Então, tudo que escrevo aqui é o que nos aconteceu e vai de acordo com o que acreditamos ser legal ou não em um voluntariado, tendo como base esses nossos 3 anos de experimentação de voluntários pelo mundo. 

Dito isso, cabe a cada um decidir o que é bom para si, e se vale a pena ficar ou não.  

A troca é voluntaria

Então lembre-se se sempre: o trabalho é voluntário.

E não existe vínculo algum ou obrigatoriedade de permanecer em algum lugar que você não considera adequado.

Existe apenas um voto de confiança mútua.

Essa nossa experiência em Paraty não foi das melhores, mas decidimos ficar. 

E nesse artigo vou contar tudo o que aconteceu e porque ficamos.

mulher em ruazinha de paraty em preto e branco

Sacou que aqui o papo é reto e sincero né?!

Se você está pensando em fazer seu primeiro voluntariado ou se ainda tem alguma dúvida, você pode gostar de ler esses artigos:

➢ Nós utilizamos e recomendamos as seguintes plataformas:

Expectativa sobre a Casa Ecológica

Sempre falo que expectativa caga tudo então tentamos nos controlar e chegar sempre sem esperar nada (o que nem sempre acontece). 

Dito isso, estávamos contando os minutos para chegar nesse lugar por alguns motivos: 

  • Não aguentávamos mais ficar quarentenados em casa e ficamos muito felizes de ser aceitos em um lugar (lá se iam 9 meses de quarentena).
  • Eu já conhecia Paraty mas estava louca para conhecê-la melhor. E seria um mês inteirinho na cidade!
  • O lugar onde iríamos voluntariar tinha nos encantado desde o primeiro momento e parecia maravilhoso: casas ecológicas, permacultura, horta orgânica, arte, ótimos comentários no Workaway  enfim, parecia tudo lindo! 

duas pessoas em um barco em paraty com montanhas ao fundo

Único passeio de barco em um dos únicos dias de sol durante o voluntariado na Casa Ecológica.

Realidade

Ficamos em Paraty do dia 15 de dezembro a 15 de janeiro.

⮕ ⮕ ⮕ NUNCA VÁ PARA PARATY NESSA ÉPOCA ⬅ ⬅ ⬅

Estávamos tão loucos para voluntariar (experientes que somos em viagens) que esquecemos que era alta temporada, e pior, período de Natal, Ano Novo e recessos!

Ademais, estávamos em meio a pandemia de Covid 19.

Somado a isso, o voluntariado não era nada do que estava descrito na plataforma e a nossa host era uma pessoa bem confusa.

Passamos praticamente esse mês todo fazendo faxina pesada (limpei um fogão e uma geladeira em um estado de craca e sujeira que eu nunca tinha visto na vida, nojentos!)  e resolvendo perrengues das casas que ela alugava.

Pra fechar com chave de ouro, no verão chove horrores em Paraty, e tivemos alguns poucos e raros dias de sol. 

mulher cortando grama

Cuidando do jardim em um dia de sol.

A anfitriã

Em primeiro lugar eu queria dizer que não é nada pessoal o que falarei da nossa anfitriã aqui, e que eu até acho que ela é uma boa pessoa.

Apenas, o modo de lidar com voluntários e com o voluntariado que não vai de encontro a minha visão, com o que eu espero, e finalmente, de como eu gosto de ser tratada.

Isso posto, nossa anfitriã era uma Americana morando há muito tempo no Brasil. Ela tem 3 casas que aluga em Paraty.

De tal modo que, o voluntariado consistia em ajudar o seu “negócio” funcionar. Na minha opinião o erro começa aí, pois negócio nenhum deve depender de voluntários. 

Voluntários X Negócio

Foi bem contraditório para mim, pois, ela é uma pessoa preocupada em transformar o mundo, que se envolve em projetos muito bacanas:

  • ela fundou uma escola Waldorf;
  • implementou uma moeda para economia alternativa em Paraty;
  • sua casa era o mais ecológica possível, entre outros.

Da mesma forma, ela não gosta muito de contratar pessoas formalmente, pois é meio avessa ao sistema.

No entanto ela se utiliza de voluntários para conseguir realizar tudo que deseja no seu negócio.

A contradição que me incomodou

Essa é a contradição que não entendo: não gostar do esquema de contratar e pagar uma pessoa formalmente, mas não se importa em abusar da boa vontade dos voluntários para fazer trabalhos que na verdade deveriam ser feitos por um funcionário.

 

Sem contar que na plataforma ela solicitava ajudas diversas, como pintar murais, fazer projetos de arte, etc.

Todas as outras vezes em que voluntariamos em “negócios lucrativos” existiam funcionários que faziam a coisa andar, e os voluntários davam uma mão ou desenvolviam tarefas mais artísticas.

Jamais voluntariamos em um lugar que dependia de voluntários para funcionar.

duas mulheres na praia - ilha do cedro em Paraty

Uma manhã de folga com a nossa anfitriã.

Nossa chegada na Casa Ecológica

Saímos de Delfim Moreira – onde tivemos a melhor experiência de workaway do Brasil – e, antes de sair,  perguntamos a nossa anfitriã se não teria problema chegar tarde, pois era a única logística possível (de ônibus).

Chegaríamos na Casa Ecológica por volta da meia noite.

Ela confirmou e disse que não tinha problemas, que talvez estivesse dormindo, mas abriria a porta para a gente.

Chegamos, ela abriu o portão e nos levou para o nosso quarto.

Lá havia duas camas arrumadas, nada de água ou comida (já estranhei não ter nem sequer um copo de água nos esperando), então caímos duros pois estávamos cansados da viagem.

homem e cachorro
Nosso quartinho na casa ecológica e nossos colegas de quarto: Zumbi e Cuica.

Primeiras impressões

Antes das 8 da manhã já estávamos acordados pensando em ir tomar um café na manhã na rua (já que não tínhamos jantado direito e não tinha nenhuma comida nos esperando).

Então, para a nossa surpresa, nossa anfitriã nos dá bom dia, com uma lista enorme de atividades na mão!

Ela nem sequer perguntou se tínhamos comido, tomado água, se tínhamos dormido bem ou se tínhamos tomado café da manhã!!

 

Nem preciso dizer que fiquei chocada com a recepção bizarrra! 

Eu que já tinha achado ruim o tratamento da chegada, achei lamentável a falta de preocupação com o nosso bem estar.

Dessa forma, falamos que não tínhamos comido nada e que precisávamos tomar um café da manhã antes de qualquer coisa. Ela nos emprestou a bike para ir comprar pão.

Isso nunca tinha nos acontecido na vida! Ficamos chocados com a falta de empatia dessa mulher.

✺ Como costumam ser as chegadas

As chegadas sempre são calorosas, e a primeira pergunta que todo anfitrião faz é se temos fome, sede, se já comemos, se estamos bem, como foi a viagem… coisas normais que um ser humano pergunta.

É o mínimo que se espera de um anfitrião né gente?!

E sempre, em todas as experiências anteriores, fomos recebidos com comida, independente do horário ou do país onde a gente esteja.

Resumindo, a primeira impressão foi bem surreal, pra não dizer péssima! 

mulher com um gato no colo
Cuíca foi quem melhor nos recebeu.
mulher pintando uma parede de costas

Pintando uma parede e ouvindo um podcast.

Rotina e trabalho

Nossa rotina era bem certinha e isso era uma coisa boa.

Trabalhávamos durante as manhãs, de segunda a sexta das 7h 30 min as 12h e 30 min.

Nosso trabalho basicamente era limpar as casas e prepará-las para os hóspedes.

Mas não foi uma limpeza qualquer, foi limpeza pesada mesmo.

As casas estavam muito sujas, desorganizadas e caóticas.

Limpamos muito vidro, geladeiras imundas e uns fornos de fogão que me parece que nunca tinham sido limpos na vida, enfim, bom não foi (aliás, foi tão desagradável que nem fotos temos).

Alguns registros

Temos apenas fotos das atividades que mais gostamos de fazer: 

mulher consertando uma bomba de agua

Arrumando a bomba de água.

pintando parede

Pintando uma parede.

limpando janela

Limpando vidros.

Tipos de trabalho

Além da faxina pesada, fizemos algumas coisas:

  • Pintar paredes;
  • pintar móveis;
  • arrumar a bomba de água;
  • cortar grama;
  • cuidar do jardim;
  •  cuidar dos animais.

Instalações

Ficamos num quartinho com cozinha no fundo de todas as casas, que é o quarto oficial dos voluntários.

Era um pouco escuro, quente, e não muito aconchegante, pois tinha apenas nossas camas, uma mini cozinha e uma mesinha para refeições.

Não tinha um lugar muito confortável para ficar, sentar ou trabalhar no blog por exemplo.

Ah um dos nossos trabalhos foi esse aí embaixo: instalar um filtro de água, pintar a parede da cozinha dos voluntários e instalar essas prateleiras!

Abaixo, uma foto do antes e do depois.

pia da cozinha antes da reforma
Nossa cozinha antes.
pia da cozinha depois da reforma
Nossa cozinha depois. ♥

Alimentação

Essa parte também foi foda.

Dizia lá no perfil do Workaway que seria oferecido itens básicos, como : arroz, feijão, café, açúcar.

Mas nossa anfitriã nunca nos perguntou se tínhamos esses ítens.

Um dia fomos comer um arroz que estava na suposta caixa de itens básicos e o arroz estava muuuuito vencido, e com bichos.

E era o único item da caixa. Então, isso também deixou muito a desejar.

Nossa sorte foi que tinha um mercadinho orgânico há uma quadra dali, que foi a nossa alegria e onde encontramos muitas coisas deliciosas!

cuscus banana e café preto para o café da manhã

Uma paixão chamada cuscuz.

vista do jardim durante o café da manha na casa ecologica

Delícia tomar café olhando pra esse verde todo.

Mas foi positivo?

Ainda não sei bem responder essa pergunta. Eu costumo dizer que tudo vale a pena, mas não sei se esse valeu.

Pra começar choveu praticamente os 30 dias em que ficamos em Paraty, ou seja, não conseguimos explorar a cidade, tampouco os arredores como gostaríamos. 

 

Por que não fomos embora

Poderíamos ter ido embora, mas não fomos pois nossa anfitriã iria receber um grupo para o Reveillon e eu ficaria mal se deixasse ela na mão. Por isso ficamos, porque somos legais!

 E também porque entendi que ela estava com muitos projetos na cabeça, tendo que resolver muitas coisas ao mesmo tempo e um pouco confusa com tudo.

No fundo ela parecia uma boa pessoa, um pouco atrapalhada e desatenta aos cuidados com os voluntários, mas era uma boa pessoa. Eu acho…. mas também não tenho essa certeza.

Mas de qualquer forma, não recomendaria esse voluntariado para ninguém.

Finalmente, valeu poder desbravar a linda Paraty e região por um mês inteirinho, e a cada brecha que a chuva nos dava. 

igreja de paraty

Dando uma de blogueira em Paraty.

Alguma coisa boa desse voluntariado?

Sim claro! Sempre tem!

As casas eram lindas, aconchegantes (exceto a nossa) e eu adoraria ter me hospedado em qualquer uma delas.

Recomendo muito a estadia na Casa Ecológica pois apesar dos pesares, as casas são realmente legais, bem localizadas e o valor é bem justo.

Também acho importante essa iniciativa de construir com menos impacto, reaproveitando materiais e recursos, e na minha opinião essas atitudes merecem ser valorizadas.

Finalmente, graças a esse mês que ficamos na cidade, conseguimos escrever um guia bem legal sobre o que fazer em Paraty!

Se você quiser ler:

placa explicando se tratar de uma casa ecológica

As plaquinhas fofas da Casa Ecológica.

placa explicando a horta orgânica

A horta orgânica e colaborativa.

vista das casas ecológicas e o jardim

Um pouquinho do jardim da Casa Ecológica Paraty.

Aprendizados

Aprendemos a nos aturar durante 30 dias de chuva numa casa minúscula com zero conforto.

Aprendemos – mas já sabíamos – que nosso discurso precisa que estar de acordo com as nossas ações e atitudes na vida.

Aprendemos a amar um cachorro velho e fedido de 13 anos, o Zumbi, que nos acordava todas as madrugadas pedindo ajuda para ir fazer xixi.

Reforçamos a nossa idéia de que quando for a nossa vez de receber voluntários vamos tratá-los suuuper bem e nunca deixar faltar comida, compreensão, empatia e diálogo.

E obviamente vamos tratá-los como amigos, família e não como “funcionários” ou estranhos. 

Aprendemos que tem gente que parece que tem a vida perfeita mas no fundo é uma confusão maior do que a nossa própria vida, que as vezes parece confusa, mas que no fundo tô achando que tá  ótima.  

mulher de bicicleta em frente a um muro com grafites de povos indígenas e pássaros

Pausa pra foto em muro fofo.

Desculpa a sinceridade.

Não quero desanimar ninguém com esse post.

Mas assim como na vida, nem todas as experiências são maravilhosas.

Nem tudo que vivemos é 100% lindo. E que bom que é assim.

Pois estamos nessa vida para aprender. Gostamos de sentir na pele essa montanha russa de emoções que é viver.

♥  Não desista, voluntariar é a melhor coisa que já fizemos na vida!

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