Quer saber como é morar em uma casa na árvore?

Esse post é sobre o work exchange mais surreal que já fizemos: em uma guest house de casas em árvores, em meio a uma floresta tropical

Durante 10 dias moramos na floresta e vamos contar como e porquê essa foi a experiência mais dramático da nossa vida de voluntariado pelo mundo afora.

Vem que a gente conta tudo!  

Localização da casa na árvore

A Rainforest Tree Houses fica em Kulai, uma cidadezinha nada turística no extremo sul da Malásia.

Kulai fica a  300 km da capital Kuala Lampur e a 40 km de Johor – que por sua vez faz fronteira com Singapura.

Mas na verdade a casa da árvore ficava em um vilarejo chamado Gunun Pulai, a cerca de 15Km de Kulai

A vista da nossa casa na árvore favorita.

Expectativa

Nunca chegamos com muita expectativa aos lugares, já aprendemos que isso só atrapalha. 

Mas eu estava muito empolgada para realizar o sonho de criança e morar em uma casa da árvore! Ou seja, minhas expectativas estavam, literalmente, nas nuvens.

E esse parecia ser o work exchange mais fantástico do planeta. Mas no fim das contas não foi bem isso que aconteceu.

Mas vamos por partes.

Acordar com esse visual e na copa das árvores não tem preço.

A Rainforest tree houses

A Raiforest Tree House é uma guest house com 7 casas nas árvores, mais a recepção (na base da montanha) e o lobby (no alto da montanha) onde são feitas as refeições.

O caminho da recepção até o Lobby é circular e no meio dele estão distribuídas as casas. Ou seja, tudo fica no meio de uma densa floresta tropical, que por sua vez fica em uma montanha.

E cerca de 600 degraus separam a recepção do Lobby! ?

Dito isso, você pode imaginar que a parte mais difícil era se deslocar de um lugar para outro, pois era sempre montanha acima ou montanha abaixo.  

Além disso, ali também funciona uma escola Waldorf, com duas turmas de crianças.

Nossa casa favorita, casa 7 ou Sunset, com a melhor vista! 

Lobby que fica no alto da montanha, onde são servidos o café da manhã e o jantar.

Casa da Krista, onde passamos a primeira noite.

Casa 4 – repare nas escadas e no banheiro (casinha menor a direita).

Nossa primeira noite em uma casa na árvore

Chegamos a Rain Forest Tree Houses pelas 22h. Fomos recebidos pela voluntária Krista, que foi nos buscar na rodoviária com uma marmita vegana! ? Começamos bem! 

Comemos rapidinho (pois Krista estava louca pra dormir) e fomos levados até a casa da árvore da Krista, onde passaríamos a primeira noite. 

Subimos a montanha até a casa dela com lanternas, sem enxergar absolutamente nada e cuidando para não escorregar, pois estava muito úmido. Deixamos as mochilas na recepção para evitar que os macacos pegassem as nossas coisas (eles abrem bolsos e roubam tudo).

Na casinha haviam dois colchões no chão preparados. A cama grudava, a umidade era absurda, mas os lençóis estavam cheirosos. Estávamos nervosos.

Mas a escuridão e os sons da mata nos fizeram dormir rapidinho.

A casinha onde passamos a primeira noite.

As outras noites

Foram melhores!

E a parte mais legal na Tree Houses é que podíamos escolher qualquer uma das 7 casas nas árvores para dormir (quando não tivesse hóspede).

Foi uma delícia realizar o sonho de criança e dormir cada noite em uma casa diferente, e sempre no meio da floresta. ?

Ainda assim, a Rainforest Tree House é um lugar perfeito para passar uma noite ou duas. Morar ali não foi fácil não. E olha que estamos acostumados com esse tipo de vida. ?

Acordando parte 1.

Acordando parte 2.

Acordando parte 3.

A Rotina

Todas as manhãs tínhamos que recolher as camas e todas as noites montá-las. Isso para evitar a umidade e as formigas.

Também era preciso manter os lençóis, roupas e coisas de banho dentro de uma caixa plástica com tampa e ainda com uma pedra pesada em cima – para tentar impedir os macacos de brincarem e espalharem nossas coisas pela floresta.

E ainda, quando dormíamos em casas diferentes tínhamos que levar os lençóis e cobertores de uma casa para outra. E a caixa plástica também. Montanha a cima ou abaixo. ?

Banho e banheiros

Cada casa na árvore tinha seu banheiro e chuveiro de água gelada e potável! 

Porém, eles ficam no térreo, ou seja, cada ida ao banheiro era uma função e muitos degraus. E sempre na escuridão da floresta. 

Preparando a cama e o mosquiteiro de todo o dia.

Subindo para o quarto depois do banho gelado.

As casas nas árvores

As casas eram simples, rústicas e abertas. Elas são construídas de maneira tradicional aborígene, por uma tribo que ainda existe na Malásia e que tivemos a chance de conhecer através de outro workaway.

Se quiser saber como foram nossos dias inesquecíveis com os aborígenes leia: Morando com aborígenes e construindo com Bambu, na Malásia.

Cada casa possui colchões no chão, mosquiteiros e um ventilador. Porque o calor e a umidade beiram o insuportável.

As casas eram de bambu e madeira.

A melhor parte da casa na árvore 

A coisa mais fantástica desse lugar pra mim foi a água e o cuidado com o meio ambiente.

A água que saia de qualquer torneira e de qualquer chuveiro era potável, deliciosa, gelada e vinha direto de uma fonte na montanha! E foi a melhor água que bebi aqui na Ásia. ?

A louça era lavada com cinzas de carvão e todos os banheiros tinham sabonetes ecológicos e caseiros à disposição, feitos por uma vizinha.

Todo o lixo era separado e os restos de comida eram compostados para depois fertilizar a horta das crianças. Plásticos, latas e vidros eram reciclados, coisa rara no Sudeste Asiático. 

Água potável e gelada em qualquer torneira! 

Sabonetes artesanais e ecológicos.

A escola Waldorf 

Na propriedade funcionava também uma escola Waldorf, então dividíamos o espaço com crianças, o que as vezes era cansativo.

Mas a escola era muito legal e as crianças umas fofuras, super independentes, livres, e com esse contato íntimo com a natureza tão maravilhoso.

Viviam de pé no chão, escalando árvores, olhando bichinhos e pequenos insetos, cuidando da horta e até tomando banho de rio ou cachoeira! Vontade de estudar ali não faltou!  

As crianças da escola Waldorf.

Uma criança escalando uma viga da casa. 

Convivência com vizinhos ladrões: os macacos

Quem mais complicou nossas vidas foram essas fofuras simpáticas, mas terríveis!

Espertos que só, eles estavam por toda a parte. Afinal, nós estávamos vivendo nas suas árvores. 

Macaquinhos sendo fofísssimos.

Mas também sabem ser tinhosos.

O que roubavam

Tudo e qualquer coisa. Eles sabem abrir caixas com travas, mochilas, bolsos e zípers!

São extremamente curiosos e pegam desde sabonete, shampoo e pasta de dente até roupas.  Mas principalmente comida! 

Tudo por uma comida

Também era muito engraçado observar eles durante o café da manhã, se escondendo atrás de cortinas e móveis, só  esperando o momento certo para roubar uma fruta, um pão, ou qualquer outra coisa.

Nós e eles

Certo dia conseguiram abrir nossa caixa plástica com uma pesada pedra sobre a tampa. Então, pegaram minha necessaire e espalharam todos os ítens pela floresta! Passei dias recolhendo as coisas. 

Portanto, nossas mochilas ficavam lá embaixo na recepção (600 degraus nos separavam). E só ficávamos com o essencial, que tínhamos que guardar nessas caixas plásticas com pedras mais pesadas ainda para evitar esses furtos.

Dito isso,  tudo era uma função: banho, trocar de roupa, comer alguma coisa, pois tudo ficava lá embaixo, há 600 degraus de distância. ?

O trabalho na casa da árvore

A gente não tinha uma rotina e nem horário de trabalho. O que nos desagradou bastante.

Não gostamos de rotina, mas no workaway ela é fundamental, porque assim sabemos quantas horas estamos trabalhando, e quantas horas temos para nos divertir, turistar, descansar, ler, trabalhar no blog, enfim, gostamos de ter um cronograma e horários definidos.

A única tarefa certa era acordar por volta das 7 h para descer até a cozinha, pegar o café da manhã e levar até o lobby, onde era feitas as refeições, que ficava no topo do morro

A nossa casa ficava no meio do caminho. Eram cerca de 600 degraus da cozinha até o hall das refeições, e subir tudo isso carregado de coisas não era muito agradável.

Fizemos isso por 10 dias e foi exaustivo demais.

Esperando o pôr do sol na nossa casa favorita.

Lobby limpo e organizado após o café da manhã.

Curtindo a folga.

Tarefas

Algumas das algumas atividades que realizamos na casa da árvore:

  • Carregar o café da manhã morro acima até o lobby,
  • limpar o lobby antes e depois do café da manhã;
  • levar as  coisas para baixo depois do café;
  • pintar placas de sinalização para espalhar na propriedade;
  • fazer pequenas manutenções nas casas das árvores;
  • limpar os ventiladores de cada casa;
  • plantar capim limão;
  • peneirar cinzas que eram usadas como sabão para louça;
  • buscar terra para fazer um telhado verde da biblioteca (em construção). 

Pintando e suando ao mesmo tempo.

Gabriel cansado depois de buscar terra para o telhado.

Alimentação na casa da árvore

Tínhamos todas as refeições garantidas! E havia frutas, verduras, chá e café sempre a disposição. 

Tomávamos o café da manhã junto com os hóspedes. Para o almoço tínhamos legumes para cozinhar.

E para o jantar, todas as noites rolava um sopão feito no fogo à lenha, para os hóspedes. Se quiséssemos podíamos nos juntar, mas a sopa era sempre a igual, então as vezes a gente cozinhava ou comíamos junto com os professores da escola Waldorf. 

Eles eram chineses e faziam versões vegetarianas de pratos chineses deliciosos. 

O sopão nosso de cada dia feito no fogo à lenha.

Um tipo muito tradicional de dumplings chinês.

Conclusões

A verdade é que não aprendemos nada de novo e essa foi a nossa pior experiência como voluntários.

Estamos há mais de dois anos na estrada e já tivemos quase 20 experiências com o Workaway mas essa não foi legal.

Inclusive foi a primeira vez que desistimos antes da hora. Geralmente prolongamos a nossa estadia.

Nosso combinado era ficar 14 dias na casa da árvore, mas pedimos para sair no décimo dia. Estávamos exaustos e um pouco decepcionados. 

Prós

O lado bom era estar rodeado de uma natureza linda e exuberante, cercados de bichos e ruídos da mata. Tomar água da torneira e ter uma cachoeria a 10 passos da gente.

Contras

A rotina era muito cansativa, subir e descer a montanha carregados de coisas era desgastante. O calor e os mosquitos eram insuportáveis, e havia zero conforto. Não havia uma cadeira confortável para se recostar (eles sentam no chão até durante as refeições).

Nem mesmo o banho era relaxante, pois apesar de ser calor para burro, a água era geladíssima. Tomávamos banho rápido e na hora de se secar já estávamos suando novamente. Nada fácil minha gente.

Enfim, era desconforto 100 % do tempo. E percebemos que estávamos esgotados. Para concluir a desgraça nosso espirito não bateu com o da voluntária encarregada de gerenciar o lugar

Ela falava sem parar, fazendo sempre as mesmas piada. Sabe aquelas pessoas que não sabem ouvir? Que a conversa só flui em uma direção, pois é…

Só imaginando uma cadeira.

O dono da casa da árvore – um cara estranho

O dono só apareceu por lá no nono dia. Não se apresentou e mal falou com a gente. Mas nessa mesma noite nos levou para um café super legal, de uns amigos, numa cidade próxima.

Mas continuou sem conversar. Muito bizarro. Puxávamos assunto mas não rolava.

No dia seguinte nos levou para coletar terra que seria usada para cobrir o telhado da biblioteca. Depois do trabalho pesado nos levou para tomar uma suco de abacaxi orgânico de outros amigos. O melhor suco que já tomamos!

Foi legal, mas até agora não entendemos nada. Ele parecia ser uma boa pessoa, mas não conseguíamos conversar. Ele parecia tímido e um pouco travado e com ele também não rolou uma conexão. 

Para nós, o mais importante de fazer work exchange é a troca que rola entre as pessoas, sem essa troca não vale a pena. E por isso, decidimos partir. 

Aprendizados 

Ficamos felizes por dar ouvidos ao nosso desejo e respeitar nosso corpo que estava cansado.

Pegamos um táxi pela primeira vez, que nos custou uma fortuna e nos deixou em um shopping no meio do nada. Respiramos aliviados assim que entramos nesse taxi. O que significa que fizemos o melhor que podíamos!

Aprendemos a respeitar nossos limites físicos e psicológicos acima de tudo. Não gostamos de não cumprir nossa palavra. Mas a nossa saúde vem em primeiro lugar.

Letreiro de material reciclado na entrada da casa na árvore.

Nossa experiência não foi tão boa, mas esperamos que sua leitura tenha sido.

Se está planejando fazer voluntário em qualquer lugar e quer algumas dicas ou tem alguma dúvida, escreva para a gente!

E não desanime, essa foi a nossa primeira experiência não tão boa, depois de mais de 15 muito legais! 

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