Tudo que temos na nossa vida hoje cabe em duas mochilas. Uma de 30 e outra de 40L. Ta achando impossível viver assim?

A gente também achava. E hoje somos apaixonados por essa maneira de viver. 

Ficou curioso

Leia esse post e fique sabendo como a nossa vida ficou muito mais simples tendo apenas uma mochila como casa.

Esperando o táxi em Hanói para mais um Work Exchange.

Começando a jornada

Saímos do Brasil no dia 11 de maio de 2017, com muito mais “coisas” do que temos hoje.

Se quiser saber mais sobre isso leia: 

Ou melhor, chegamos com duas mochilas enormes e duas malas de 32 kg cada um, pra ser exatos. Todas elas socadas até o talo e muito pesadas. 

Hoje essas malas nem existem mais, foram doadas, junto com a maior parte do que havia dentro delas.

Se alguém me perguntar o que tinha naquelas malas, sinceramente, nem lembro. Mas na época, eu achava que tinha coisas importantes e imprescindíveis ali.

Entretanto, nossa jornada tem nos mostrado cada vez mais, que nossa bagagem de coisas, são apenas coisas. E nada mais.

A importância da leveza

A necessidade de ficar leves para viajar mais facilmente, nos fez ir abrindo mão das coisas aos poucos. Fomos deixando uma coisa ali, outra acolá, e quando percebemos, rapidamente estávamos com duas mochilas pequenas.

O Caminho de Santiago foi fundamental para esse rápido aprendizado. Foi a teoria sendo vivenciada na prática. Quanto menos coisas na mochila, maior a nossa qualidade de vida e de caminhada (menos peso nas costas significava, menos dor, melhor humor e maior disposição para aproveitar o trajeto e as cidades pelas quais passamos).

E foi dessa maneira, com cada vez menos coisas, que descobrimos a possibilidade de viver viajando. Pois ter apenas uma mochila, nos dá liberdade para fazer qualquer escolha.

Podemos ir para qualquer lugar. E isso é incrível.

Para viver viajando, precisamos estar leves. Sem tralhas e sem excessos.

Marina com toda nossa vida.

O que carregamos nas mochilas grandes

Aí vai nossa listinha de pertences:

GABI:

  • 1 bermuda;
  • 1 calção de banho;
  • 1 calça jeans; ?
  • 1 calça moleton;
  • 1 calça elefantinho da Tailândia;
  • 4 camisetas; ?
  • 3 camisas; ?
  • 1 corta vento;
  • 1 moleton;
  • 1 pulover;
  • 1 camiseta de manga  comprida;
  • 5 cuecas;
  • 3 pares de meia;
  • 1 chinelo;
  • 1 tenis;
  • 1 saco de dormir;
  • 1 gravata. ?

Gabriel e todos os seus pertences.

MARI:

  • 5 shorts e 1 de corrida;
  • 2 biquinis; ?
  • 1 calça de ginástica;
  • 1 saia elefantinho da Tailândia;
  • 5 blusinhas;
  • 2 casaquinhos;
  • 1 capa de chuva;
  • 2 vestidos; ?
  • 2 macaquinhos;
  • 1 macacão;
  • 5 calcinhas;
  • 3 sutiãs;
  • 2 pares de meia; ?
  • 1 chinelo;
  • 1 tenis de corrida;
  • 3 tops de corrida;
  • 1 saco de dormir. ?

Marina e suas coisas.

O que carregamos nas mochilas pequenas

Além das roupas carregamos mais uma mochila pequena para cada um. Onde levamos nossos equipamentos, que hoje são nossos instrumentos de trabalho, e portanto muito importantes. 

São eles:

  • 2 computadores; ?
  • 1 gopro hero 5; 
  • 1 câmera fotográfica Canon 6D; 
  • 4 lentes para a câmera;
  • 1 microfone direcional rode; ?
  • 1 microfone lapela rode;
  • 1 mini tripé para a câmera;
  • 1 Drone Mavic Air;
  • 1 Luz Led; ?
  • 1 caixa de som portátil;
  • 3 HD’s;
  • 1 Kindle; ?
  • Cabos, muitos cabos, cabos que não acabam. 

Os equipamentos: mais pesados que nossas roupas.

As perguntas que mais ouvimos:

1. Vocês vivem mesmo só com isso? Sim 

2. Vocês tem coisas espalhadas por aí? Não 

3. Mas vocês tem uma base em algum lugar? Adoraria, mas não. 

A gente explica:

Vivemos assim mesmo e é tudo o que temos. As vezes pensamos que gostaríamos de ter alguma base em algum lugar, mas ainda não temos essa possibilidade.

Faz 1 ano e 6 meses que estamos na estrada apenas com as nossas mochilas. E não temos mais coisas espalhadas por aí não. Tudo o que possuímos nessa vida estão nas nossas costas agora.  ?

Gabriel e suas malas.

Marina e suas malas.

Malas para caber na viagem mais barata

Ainda não temos nosso motorhome. E enquanto esse dia não chega, vamos indo de trêm, ônibus, barco ou avião. Por isso, precisamos carregar tudo nas costas. E precisamos não só que as malas caibam na passagem de avião mais barata (malas de cabine) mas também temos que estar leves para caminhar. Porque caminhamos muito!!

Só usamos taxi ou uber se a distância for realmente longa. Na maioria das vezes nos deslocamos a pé, ou usamos transporte público. Assim economizamos muito e já temos uma primeira impressão mais real dos lugares.

As passagens low cost, não te permitem despachar bagagem. Então nossas malas tem o tamanho permitido para esse tipo de embarque. Voamos para a Ilha da Madeira, de Portugal para Berlin e de Berlim para Bangkok em empresas low cost, o que nos possibilitou um ótimo preço em todas as passagens. Se tivéssemos despachado a bagagem, teríamos gasto no mínimo 40% a mais.

Gabriel adora viajar de trem

Menos bens e mais vida

Ter feito o Caminho de Santiago de Compostela, nossa caminhada de 900 km cruzando a Espanha, foi uma descoberta nesse sentido. O caminho foi uma espécie de treinamento para a vida que teríamos. Mas naquela altura a gente nem fazia idéia disso! 

Se quiser saber mais sobre o Caminho de Santiago leia esse: Guia prático: o caminho de Santiago de Compostela

Ali percebemos que era possível viver com muito pouco ou quase nada. E que para nossa mobilidade e saúde física e mental, precisávamos estar leves. Descobrimos também, que podemos deixar coisas pelo caminho, e que elas não fazem falta no futuro.

E foi a partir daí que começamos a perceber que nossos bens são, muitas vezes, o que nos impede de nos mover. Ficamos presos a eles. E junto com eles às nossas casas ou apartamentos. A uma vida que já não faz mais sentido. A um emprego do qual nem gostamos tanto assim. Ficamos, sem perceber, presos em um universo limitado, que não nos pertence. E que nem é nosso.

Durante uma etapa do Caminho, as estradas parecem não ter fim.

Marina entre videiras no Caminho de Santiago.

Nós estamos maravilhados com a leveza dessa vida com poucas coisas.

Sobre compras na estrada

Nosso processo de compra se tornou muito mais racional. Não cabe emoção na hora de comprar. Porque não temos espaço físico para isso. Até temos, mas aí ficaremos mais pesados…

Hoje nos fazemos três perguntas antes de comprar algo:

  1. Precisamos?
  2. Temos espaço para carregar?
  3. Nós REALMENTE precisamos?

Se o sim for inevitável, passamos a carregar mais um item com a gente.

Entretanto, tudo o que compramos é pensado. Nada é feito no impulso ou no calor da hora. E só compramos algo extremamente necessário.

Compras do bem

Na Ásia se usa muito plástico. Mas muito plástico mesmo! É um horror.É plástico para tudo, inclusive para o que não precisa.

Qualquer bebida que você pede, por exemplo,  já vem em um copo plástico, com um canudo plástico e uma sacola plástica. É como se fosse um kit, e é difícil fugir dele. Você tem que ser rápido, ágil e estar preparado. Para isso temos nosso kit anti plástico! ????

Para tentar minimizar nosso uso de plástico, sentimos a necessidade de comprar alguns ítens. Chamamos de KAP – Kit Anti Plástico, e consiste de:

  • canudo de bamboo;

  • escovas de dentes de bamboo;

  • talheres de côco;
  • cotonete de madeira;
  • garrafa de inox;
  • copinho mestrual (a Marina já tinha, mas é ótimo para gerar menos lixo, então tá no KAP).

KAP: Kit Anti Plástico

KAP em detalhe.

Garrafas de água descartáveis

Aqui sentimos a necessidade de comprar uma garrafa para água: pois além de poder abastecê-la de grátisem alguns lugares, acabamos com o nosso desconforto de comprar água em garrafas plásticas.

Escolhemos uma garrafa da Trash Hero, uma organização muito legal, que realiza dias de limpeza semanal, em diversos lugares do mundo, onde voluntários se reúnem para recolher o lixo das praias. E assim, já perdemos as contas de quantas garrafas plásticas deixamos de comprar. ?

Essa foi a maneira que encontramos para tentar reduzir o nosso consumo de plástico nesses países.

Porque usar plástico a torto e a direito, sem pensar não estava funcionando para a gente. Nossa consciência grita e nos perturba.

Estamos quase em paz agora, mas temos coisinhas extra para carregar. Como sempre na vida: todo bônus tem um ônus! Ou seria o contrário…?

Pelas ruas de Hanoi, no Vietnã com a garrafa Trash Hero em uso!

Um capitulo especial para ele ?

Gostamos muito de ler, e de ter livros sempre à mão. Me sinto perdida sem um livro.

Estava ficando inviável carregar mais livros com a gente. Então fomos doando os que tínhamos e depois de muito pensar, decidimos comprar um Kindle.

E foi a melhor compra do último século! 

Super recomendamos para quem viaja muito! É leve, ótimo de ler (não cansa os olhos), de levar, e a bateria dura uma vida. Sem contar que dá pra enfiar milhões de livros ali!!! ?

É genial, to apaixonada, e não troco meu kindle por nada nesse mundo! 

Grudada no kindle na viagem de Slow Boat para Luang Prapang.

Nossa verdadeira bagagem 

Hoje sabemos que nossas coisas mais importantes são nossas lembranças, nossas fotos, textos, experiências e a nossa memória.

Essa é a verdadeira mala que carregamos. E essa é gigante! 

Essa mala tem capacidade infinita: nela cabe tudo isso e todas as pessoas que conhecemos, e que fazem com que esse modo de vida seja tão especial. As pessoas dão sentido a nossa jornada. 

Descobrimos que não se trata de quantos lugares visitamos, ou de quão lindo, paradisíaco ou inédito seja um destino ou um lugar. 

O que faz a diferença são as pessoas e as relações que estabelecemos com elas. E isso muda tudo, isso ressignifica um lugar e a nossa própria existência.

As pessoas mudam tudo 

Em tempos difíceis, onde é cada vez mais raro confiar e estabelecer relações verdadeiras, encontramos uma brecha, onde isso acontece com fluidez e naturalidade.

É um alento, e aos poucos vamos nos entregando e aprendendo a confiar.  Temos vivido tantas coisa lindas. Encontrado pessoas extraordinárias, que fazem tudo por amor, que doam o pouco que tem, que abrem as portas de suas casas e suas vidas para dois estranhos como nós. Que sorriem e te abraçam como se te conhecessem há milênios, e tantas outras coisas incríveis, mas impossíveis de colocar em palavras.

 E assim vamos adquirindo cada vez mais aquele ” dom de gente”, estando cada vez mais preparados para viver e fazer do nosso mundo o lugar que queremos que ele seja.

Ensinando inglês para crianças no Laos.

Taka, nosso anfitrião muito especial em Chiang Mai.

Nosso primeiro albergue donativo no Caminho de Santiago com os voluntários mais espetaculares do planeta.

As mulheres incríveis do Namkhan Project.

Chá da tarde com Veronika.

Menos é mais

Hoje somos muito mais conscientes das nossas escolhas e do impacto delas no mundo. Pensamos sobre absolutamente tudo aquilo que consumimos. Nada está em excesso. E nada é comprado por impulso ou sem pensar.

E não é só porque estamos viajando ou porque temos que carregar tudo nas costas, mas sim porque simplesmente somos assim. Já praticávamos isso antes de sair pelo mundo, mas numa escala menor. Já éramos bastantes minimalistas antes mesmo de partir.

Isso é nosso estilo de vida e nossa maneira de pensar. Vivemos bem assim. E viveremos dessa maneira onde quer que seja: numa casa, sem uma casa, num sítio ou num apartamento, tanto faz, pois o que importa é a nossa consciência, e não o espaço físico que ocuparemos.

E com menos coisas para se preocupar, sobra muito mais tempo para o que realmente importa: nós mesmos!!

Contemplando o agora.

Voluntariado X Turismo

Viajamos muito fazendo work exchange ou trabalho voluntário, raramente viajamos como “turistas tradicionais”.

Se você não sabe o que é isso, leia: Tudo o que você precisa saber sobre work exchange.

Optamos por essa forma mais lenta de viajar.

E isso nos permite conhecer lugares e ter experiências que jamais pensamos. Ainda hoje nos surpreendemos com a qualidade de vida e com as histórias que isso nos proporciona.

Viajar lentamente nos permite não só gastar menos, mas também ficar mais tempo nos lugares, e dessa forma participar do cotidiano e conhecer profundamente as pessoas, o local, sua essência, e sua cultura.

Ficamos muito mais realizados em aprender uma palavra ou algo em Lao (na foto estamos fazendo palalá, que significa pausa, descanso!) do que dar check ✔️ em pontos turísticos famosos ou contar o número de países por onde andamos.

Preferimos contar o número de pessoas que transformaram o nosso olhar, e a nossa vida. 

Palalá! Nossa palavra preferia em Lao.

Terminando por onde tudo começou

Acabamos sempre voltando ao caminho, que foi onde tudo começou.

Ele talvez tenha sido a maior experiência que tivemos até hoje. E muito embora na época não parecesse, tivemos inúmeros aprendizados. E vamos descobrindo novos a cada dia.

Resquícios do caminho permanecerão para sempre dentro de nós.

Caminhando descobrimos que nossa vida seria justamente essa:  caminhar, sem esperar nada, sem expectativas.

Apenas caminhar, viver e aceitar o que vier!  Da forma mais leve possível.

Algum lugar no Caminho de Santiago.

Esse era pra ser um post sobre nossas mochilas. Acabou sendo um pouco mais do que isso. 

Se você gostou do que leu, se identificou, quer trocar uma idéia ou fazer alguma pergunta, escreve pra gente.

Adoramos saber de vocês! 

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