Como voluntários, essa foi sem dúvida, a experiência mais surreal que tivemos. Foi o nosso primeiro work exchange, pelo workaway, no Vietnã.
Nossa idéia era encontrar algum trabalho voluntário associado a algum projeto legal, no qual acreditássemos e que fizesse a diferença na vida de alguém.
Encontramos a Casa de Chás, um projeto social com minorias étnicas do norte do Vietnã, que parecia ser exatamente o que estávamos procurando. No fim das contas foi a experiência mais bizarra e maravilhosa que já tivemos por aqui.
Vem que a gente conta tudo!

O projeto da casa de chás
O projeto atende pelo nome de Tea House of Baiyue Tribe,e é centrado em três pilares:
- educação;
- turismo responsável;
- conservação e conversas sobre conhecimento indígena local.
Desta forma aprendemos sobre os conhecimentos acestrais acerca da cultura do chá. Aprendemos sobre um chá específico, feito a partir das folhas de uma árvore nativa e muito importante para a região. Acompanhamos todo o processo do chá desde a colheita, até a secagem para conservação.
Não entrarei em detalhes sobre o projeto, pois é complexo e precisaria de uma longa explicação, mas se você ficou curioso e quiser saber mais a respeito deixaremos o link para o site e para a página da Casa de Chás:
Voluntário pago
Diferentemente de todos os trabalhos voluntários que fizemos até hoje, esse foi pago. Pagamos 4,50 dólares por dia, por pessoa.
E justamente por se tratar de um projeto social, toda o valor arrecadada era revertido para a comunidade e para as minorias étnicas contempladas pelo projeto.
Localização da casa de chás
A casa de chás fica a 17 km de Ha Giang e a cerca de 350 km de Hanoi. Fica no extremo norte do Vietnã, em uma região deslumbrante e de paisagens bem características: repleta de montanhas verdes e terraços de arroz.
Também é no norte do Vietnã onde vivem a maior parte das 54 minorias étnicas existentes no país e reconhecidas pelo governo do Vietnã.
Assim, essa é uma região de cultura rica, de muitas cores, e dos mais diversos tipos de pessoas e modos de vida.
Cada tribo ou minoria se veste e se comporta de determinada maneira. E apesar das diferenças, todos convivem na mais completa harmonia.
O percurso
Estávamos em Hanoi, e o melhor jeito de se deslocar pelo Vietnã é de ônibus.
Então, lá fomos nós de grab até a rodoviária. Chegamos 15 minutos antes do horário do ônibus e compramos as passagens ali mesmo.
- A passagem de ônibus custou 200.000 Dong;
- O grab até a rodoviária custou 90.000 Dong.
Foram cerca de sete horas de viagem de Hanoi até a casa de chás.
A casa de chás fica a 17 km antes de Ha Giang (para quem vem de Hanoi), e para não precisar voltar, falamos com o motorista e pedimos para descer antes. E para a nossa surpresa, paramos exatamente na frente da casa de chás.
?? IMPORTANTE: O ônibus não tem banheiro e faz apenas uma parada para lanche e xixi. Ou seja, leve algo para beliscar. E se ficar com vontade de fazer xixi, tente falar com o motorista.
Ha Giang
Ha Giang é conhecida no Vietnã por ser a cidade destino para quem vai fazer o Ha Giang North Loop, uma das coisas mais lindas que já fizemos na vida.
E o melhor lugar para se hospedar na cidade é no Bang Hostel. Eles possuem um ótimo atendimento, são simpáticos, o lugar é agradável, limpo e além disso, eles alugam as motos para fazer o Loop. ?
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Primeiras impressões
Fomos acolhidos instantaneamente pelos voluntários que já estavam por lá. ❤️
Todos foram muito simpáticos e amáveis. Eram 18 pessoas, nos cumprimentando e dando as boas vindas e se apresentando ao mesmo tempo!
Pessoas de todas as partes de mundo, de diferentes idades, com as mais doidas histórias de vida. Contudo, todos juntos no mesmo lugar com o mesmo intuito: ajudar e conhecer o Vietnã profundo, real.
Além dos humanos maravilhosos, fomos recebidos todos os dias com lambeijos de uma guaipeca muito fofa, a Baby, que vocês podem ver nas fotos abaixo. Não resistimos e colocamos logo uma sequência de fotos dela! ?
Finalmente, estávamos muito felizes em poder contribuir com um projeto que parecia ser tão legal e inspirador!
Ainda se come muita carne de cachorro no Vietnã. Entretanto, algumas pessoas já tem cachorros como pet e isso vem mudando um pouco as coisas. Baby é uma delas e está a salvo!
Estrutura ou acomodações
O lugar era gigante e às vezes parecia um pouco abandonado. Mas era relativamente limpo, confortável e foi tranquilo passar duas semanas por lá.
Ganhamos um beliche de casal e um quarto só para a gente nos primeiros dias. Depois dividimos o quarto com um outro casal muito legal.
Havia uma cozinha e um refeitório onde fazíamos as refeições, todos juntos. E além disso, uma enorme área externa com piscinas vazias, cadeiras, jardins, um lugar para degustar chá, um pátio aberto com cadeiras, sofás e uma rede. A estrutura era bem legal.
Foi tão rápido, intenso e cheio de gente (estávamos em mais de 20 voluntários, e todo dia chegava alguém novo) que esquecemos até de fazer os registros do lugar… ?
Rotina e horário de trabalho
Não havia. Nem rotina nem trabalho. Passamos duas semanas na casa de chás e até hoje não sabemos direito o que era o trabalho, mas realizamos muitos passeios e interagimos com a comunidade. Também não entendemos muito bem o projeto. Era um pouco confuso e ficamos pouco tempo, mas sabemos que funcionava.
Algumas das atividades das quais participamos:
❥ Um dia saímos para visitar uma fábrica de chás, e fazer uma degustação. Logo após, fomos visitar a casa de alguns locais da mesma minoria étnica do nosso anfitrião: a Tribo Dao. Foi um dia muito legal e aprendemos muito sobre cultura, sobre as pessoas, seus costumes e os chás. Caminhamos pelas paisagens e nos sentimos dentro de um filme o tempo todo. Esse dia foi mesmo muito lindo! ?
❥ Outra tarefa foi ajudar uma senhora pertencente a Tribo Dao, a coletar as folhas do famoso chá das montanhas. O qual é feito com as folhas de uma árvore nativa e muito importante na região. Essa árvore ocorre naturalmente nas montanhas do extremo norte do Vietnã, junto à fronteira com a China.
Essa senhora foi sensacional! Passamos horas conversando e ouvindo sobre sua vida. Seu marido faleceu, seu filho foi embora com outra mulher e deixou a esposa e as filhas com ela. E dois dias antes de chegarmos, a nora foi embora com outro homem, deixando ela com as netas e sem os búfalos. A nora vendeu os búfalos e partiu com todo o dinheiro. Apesar da história triste, ela se dizia feliz pela nora, que ela merecia uma nova chance com outro homem para ser feliz. E aceitava a situação com serenidade.
Ela foi absolutamente amável e gostou muito da nossa visita. Tínhamos uma vietnamita no grupo, por isso conseguimos nos comunicar, e foi inesquecível. Ela repetia muitas vezes o quanto estava feliz por estarmos na casa dela, e nos convidou para voltar e jantar com ela no dia seguinte. ❥
❥ E é claro que voltamos no dia seguinte. Dessa vez, ajudamos a cortar e carregar lenhas que estavam estocadas no alto da montanha. Ela só faz comida no fogo, e a lenha era para cozinhar.
Tivemos ótimos dias na companhia dessa amável senhora e ficamos muito felizes por poder ter esse contato, entrar em sua casa e saber um pouco mais sobre sua vida. Foi incrível.
E apesar do conservadorismo da região, ela se mostrou muito aberta, feminista e à frente do tempo e do pensamento da maioria dos Vietnamitas. Uma bela e inspiradora surpresa. ❥
Trabalho com as crianças
Além desses passeios, aos finais de semana tínhamos que ensinar inglês para as crianças da região. Já que estávamos em quase 20 voluntários, e muitos nativos e falantes de inglês, deixamos as aulas com eles.
Entretanto, sempre participávamos. Uma das aula foi sobre conscientização a respeito de lixo, explicando porque é importante diminuir o uso de plástico e o que acontece quando ele vai parar no mar ou na natureza.
Todos juntos fizemos um mutirão de limpeza das ruas do vilarejo: recolhemos plásticos e lixo para depois transformá-los em arte . Eles adoraram. E nós também!
Trabalho
Ficamos duas semanas na casa de chás e não conseguimos considerar os passeios pela região e a ajuda às pessoas, seja coletando folhas de chá ou cortando lenha, como trabalho. Foi uma troca e um convívio maravilhoso. E sem a casa de chás jamais teríamos podido ter um contato tão autêntico e desinteressado com essas pessoas.
Falamos no início que foi uma experiência bizarra, porque o nosso anfitrião era um pouco esquisito e desorganizado. Marcava coisas e esquecia, e tínhamos que lembrá-lo o tempo todo. Mas era uma ótima pessoa. Ainda, ficávamos sabendo das atividades minutos antes e não tínhamos muito tempo para nos preparar, mas enfim, no fim das contas adoramos cada minuto na casa de chás.
Nas horas vagas, que foram muitas, trabalhamos no blog e fizemos o Ha Giang North Loop!
Alimentação
Alimentação era ótima. Tínhamos café da manhã, almoço e janta. Sempre tinha arroz, vegetais e tofu.
Também não tinha horário para as refeições, e quando a comida estava pronta as pessoas saíam por aí avisando umas às outras.
Aprendizados
Aprendemos muito sobre o chá e a importância que ele tem na vida dessas pessoas. Degustar o chá é um ritual importante e é muito celebrado por lá.
Aprendemos também que é indelicado recusar uma xícara de chá. E é de bom tom tomar ao menos três delas quando oferecido.
Aprendemos algumas palavras em Vietnamita e nos aproximamos das pessoas, da cultura e do modo de viver dos locais. As pessoas foram extremamente acolhedoras e gentis, e tivemos ótimos momentos com todos que conhecemos.
Aprendemos muito sobre as minorias étnicas, mas principalmente sobre como é possível respeitar as diferenças e conviver em paz.
Aprendizados parte II
Fizemos muitos amigos, que estarão para sempre nos nossos corações. Estreitamos os laços durante nosso inesquecível Ha Giang North Loop. E ainda mais, quando caímos de moto. Tivemos demonstrações de afeto, carinho, cuidado e paciência mesmo atrapalhando todo o cronograma do grupo.
Naquele dia ficamos no hospital e a galera seguiu. Nos encontramos no dia seguinte e foi muito emocionante rever todos. Que astral maravilhoso! Que galera do bem!! Que dias esses!!!
Aprendemos com esse episódio a valorizar ainda mais a vida, as pequenas coisas, os pequenos gestos, nossa saúde e nossos corpos perfeitos.
Aprendemos que a amizade acontece rapidamente e independe de idioma, idade, ou qualquer outro fator. E que no fundo, somos todos humanos. Apenas isso.
Curiosidade
1 – Visitamos uma minoria onde as mulheres mastigam uma combinaçaõ de folhas, raízes e cálcio para pintar os dentes de preto. Leva cerca de 30 anos para deixá-los completamente pretos. E para eles, dentes pretos é sinônimo de beleza e saúde.
2 – A maioria das casas dessa minoria que visitamos tem dois fogões. Os fogões são estruturas de pedra, feitas no chão das casas de madeira, bem típicas dessa região. É como se fosse um fogo de chão, mas dentro de casa. O curioso aqui é que existe um fogão para a mulher e outro para o homem da casa. O homem só cozinha pratos especiais em datas especiais. No dia a dia cabe a mulher cozinhar, no seu fogão.
3 -Cada tribo tem um idioma, um jeito de vestir, e costumes completamente diferentes umas das outras. Uma característica linda da tribos e que eu amo são os turbantes e adereços que usam na cabeça. Pequenas variações de cores já servem para distinguir as tribos.
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